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O pensamento teológico
Em 1885 D. Gréa publicou seu livro "A Igreja e sua divina constituição". Essa obra é a exposição do pensamento teológico do nosso fundador. Aqueles que conhecem bem a constituição "Lumen Gentium" sobre a Igreja, do Concílio Vaticano II, não devem estranhar se, nessas linhas, acharão muitas afinidades.
Vamos logo ver as idéias principais.
O autor enuncia o conceito de Igreja como mistério; quer dizer, a Igreja é a revelação e o prolongamento no tempo do mistério trinitário. A encarnação do Cristo se prolonga no mistério da Igreja. Como conseqüência "a Igreja ocupa, entre as obras de Deus, o mesmo lugar do Cristo: o Cristo e a Igreja são uma mesma obra de Deus".
"Como o Pai me enviou, eu também vos envio" (Jo 17,18). É a frase chave da economia sobrenatural da humanidade redimida que o Gréa resume assim: Deus é a cabeça do Cristo, Cristo é a cabeça da Igreja e o Bispo é a cabeça de uma igreja.
No plano de Deus a missão dos apóstolos continua a missão messiânica de Cristo; o colégio episcopal continua o dos apóstolos; no decorrer dos séculos essa transmissão se estende à Igreja universal e se diversifica nas igrejas particulares.
D. Gréa não desenvolve os aspectos institucionais da hierarquia, como era costume nos manuais teológicos do tempo, mas prefere mostrar como a Igreja seja a perene epifania do Cristo na sua cabeça e nos membros. Isto é, põe o fundamento da hierarquia no seio do mistério da Trindade. O papa é o Vigário de Cristo; como Pedro era o chefe dos apóstolos, assim os bispos dependem da autoridade do pontífice e são os seus primeiros colaboradores.
O Gréa fala de Igreja universal e de Igreja particular.
Por Igreja Universal entende-se a realidade salvífica inaugurada por Cristo na terra, continuada pelo Espírito Santo por meio dos apóstolos. Esta realidade de salvação cria a Igreja-Corpo de Cristo, isto é, a comunidade universal dos crentes.
Por Igreja Particular entende-se uma comunidade particular no seio da universal, isto é, um povo cristão, determinado, localizado, objeto do cuidado pastoral dum só bispo.
É essa a grande novidade teológica que os padres do último Concílio retomaram no discurso eclesiológico sobre a Igreja Local. Mais ainda, no pensamento do Gréa, o Bispo assume um papel determinante, tanto que, o nosso fundador foi apelidado pelos seus contemporâneos de teólogo do episcopado, e segundo Yves Congar, teólogo da Igreja Local. Assim o bispo é aquele que faz de uma particular comunidade cristã uma Igreja particular.
Em outros termos, a Igreja particular é, para o Gréa, a realização e a encarnação da Igreja-comunidade universal, porque essa de fato, fica ainda um conceito muito abstrato. Pensemos por exemplo às dioceses dentro da universal comunidade dos crentes, mesmo se os termos "diocese" e "igreja particular" sejam muito parecidos, não se eqüivalem totalmente.
O Concílio Vaticano II deseja que as Igrejas particulares sejam uma imagem o mais perfeita possível da Igreja Universal na qual, elas têm em si todo mistério. As comunidades locais sem bispo são verdadeiras igrejas somente pelo fato de os sacerdotes tornarem presente o Bispo e atuarem por sua autoridade (L.G. 28).
Pela liturgia da Igreja particular, segundo o Gréa, o que constitui a "oficialidade" do culto e da oração é a presença do Bispo; enquanto o seu aspecto público é dado pela ativa participação, de fato e de direito, do povo fiel. A presença simultânea das características constitutivas da oficialidade e da "publicidade" confere ao culto e à oração a sua qualifica litúrgica, cada vez que haja um povo que reza em união com seu Bispo ou com quem o representa.