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A vida de Dom Adriano Gréa
Marie-Étienne-Adrien Gréa nasceu na França, a Lons-le-Saunier no dia 18 de fevereiro de 1828. Depois dos primeiros estudos, se transferiu com a família na cidade de Besançon, em 1840. Ali fez os estudos clássicos. Após 4 anos a família se transferiu em Paris onde Adriano conseguiu a Licença em Direito Civil na Sorbona e em 1850 conseguiu o diploma de Arquivista-Paleólogo na escola de Paleografia, com a tese "Ensaio histórico sobre os Arcediagos". Essa tese o levou a estudar as estruturas eclesiásticas da Idade Média. Nessa altura descobriu os Cônegos. Estes, desde o século IX-X, eram sacerdotes inscritos na lista de serviço numa determinada igreja. Cada catedral, por exemplo, tinha o seu número de cônegos e aí exerciam o ministério, enquanto que no ambiente rural, atuavam os Monges.
O Gréa distinguiu dois tipos de cônegos: uns que conservavam os próprios bens pessoais, outros, que colocavam em comum, além da oração, os bens pessoais também. Esses últimos foram chamados Cônegos Regulares: dois nomes para significar a mesma coisa, quer dizer, sacerdotes que tinham uma regra de vida.
Além de amadurecer a vocação sacerdotal, fortemente contrastada pelo pai, o Gréa pensava na renascença dos Cônegos Regulares, uma instituição muito difundida na Europa da Idade Média. O dia 13 de janeiro de 1856, na cidade de Saint Claude (Jura), recebeu as ordens menores pelo Mons. Mabile. No dia seguinte, viajou para Roma; é hospede dos beneditinos da basílica de São Paulo.
Aos 20 de setembro do mesmo ano é consagrado sacerdote. Ele já tinha feito os estudos teológicos sozinho sob a direção de M. Hiron. Volta na França e, a Baudin, na diocese de Saint-Claude, exerce o sacerdócio entre os operários da firma que pertencia ao tio materno, Edmond Monnier, e cria uma "maîtrise" (mestria), quer dizer, uma escola de educação religiosa e iniciação litúrgica para meninos. No dia 1 de outubro de 1854 a igreja é consagrada pelo Mons. Mabile com o nome de Imaculada Conceição. O dogma da Imaculada Conceição será proclamado no mesmo ano, no dia 8 de dezembro. Os fiéis mesmos conseguem participar à oração de algumas partes do Ofício Divino.
Em 1863 Dom Gréa é nomeado Vigário Geral do bispo de Saint Claude e aí fica por 18 anos. Recusa a nomeação a bispo por duas vezes.
A partir de 21 de novembro de 1865, junto com dois companheiros, começa a viver uma tentativa de vida canônica e um ano após, os três pronunciam os votos.
Em 1870 participa do Concílio Vaticano I, como teólogo do seu bispo, Mons. Nogret e expõe ao papa Pio IX o seu projeto de restauração da Ordem Canonical na França, segundo uma observância muito estrita, tirada das regras de S. Agostinho e S. Bento. Em 8 de setembro de 1871, Dom Gréa, com quatro companheiros, pronuncia os votos solenes nas mãos do bispo de Saint Claude que aprova as regras e instaura o serviço coral de dia e de noite. Em 1876 (8 de abril) o papa Pio IX concede o "Decreto de laudo" (primeiro passo para a aprovação) aos Cônegos Regulares da Imaculada Conceição. Aos 12 de março de 1887 o papa Leão XIII aprovou e confirmou o Instituto, adiando a momento mais oportuno a aprovação das Constituições, achadas não suficientemente completas.
A comunidade cresceu até 80 membros, apesar das rígidas observâncias monásticas (Ofício cantado inteiramente em gregoriano de dia e de noite, abstinência perpetua, jejum estrito). Isso conseguiu cativar a atenção de eminentes pessoas, entre as quais, Mons. de Ségur e Mons. d'Hulst (fundador da Universidade Católica de Paris), mesmo se não faltaram as críticas.
De fato, em 1890, em conseqüência das dificuldades surgidas com o clero da catedral de Saint-Claude, a comunidade de Dom Gréa se transferiu a Saint Antoine (diocese de Grenoble).
Aqui ele se orientou com uma grande comunidade da qual dependiam pequenos Priorados cujos religiosos conservavam estreita relação com a casa central. A idéia era um pouco confusa e a confusão aumentou quando em 1890 aceitou enviar uns religiosos no Canadá, acompanhando as famílias do Jura (região montanhosa no sudeste da França). Esses religiosos tiveram uma vida muito dura, verdadeiros pioneiros. O Pe. Paul Benoît com seus religiosos se instalou na diocese de Saint Boniface, tendo como centro Notre Dame de Lourdes.
Aos 30 de setembro de 1896 um decreto da Congregação dos Bispos e dos Religiosos erigiu o mosteiro dos Cônegos Regulares de Staint-Antoine em Abadia e o Gréa recebeu o título de Abade.
Foram abertas fundações na França, Suíça e Escócia, além do Canadá. Em 1899 foi fundada em Roma uma Procura e uma casa de Estudos.
Em 1885 Dom Gréa publicou o seu livro "A Igreja e sua divina constituição", obra de valor teológico, não somente para sua época.
Em 1903 as leis Waldeck-Roussau-Combes obrigam a Congregação a exilar para Andorra, na Ligúria (Itália). Mas aqui começa a grande provação para o nosso Fundador.
Em algumas casas do Instituto, especialmente na de Roma, começou uma certa insatisfação a respeito da Regra, achada muito rígida, impraticável, não funcional. Em 1907, após uma Visita Apostólica, o superior da casa de Roma, Dom Agostinho Delaroche, assistido pelo Pe. Moquet, foi nomeado pela congregação dos Bispos e Religiosos, Vigário Geral de todo o Instituto, no lugar de Dom Gréa, com a tarefa de apresentar o mais cedo possível as Constituições para a aprovação da Santa Sé. O Delaroche redigiu as Constituições, levando em conta as novas normas do Direito que regulavam a fundação de novos Institutos, e suprimiu assim, quase todas as observâncias monásticas que o Gréa queria e instaurou uma centralização como em todas as congregações clericais. Perdeu-se assim o caráter local da comunidade.
As novas Constituições receberam a aprovação definitiva em 1912. Evidentemente que o Gréa não reconhecia nelas a sua obra. Precisa dizer que na congregação dos Bispos e Religiosos não se entendeu quase nada a respeito dos Cônegos Regulares que Dom Gréa queria restaurar.
Assim os religiosos do Canadá, contrários às mitigações da Regra, se separaram, como os da Suíça. Do Peru falaremos mais a frente.
Dom Gréa fica em Andorra com cinco ou seis religiosos. Quando em 1913 recebeu a ordem de fechar a casa, pediu e recebeu a permissão de viver em Rotalier, perto de Lons-le-Saunier, junto com um de seus sobrinhos. Em 1916 celebrou as bodas de diamante de seu sacerdócio (60 anos de ordenação).
Faleceu no dia 23 de fevereiro de 1917 e foi enterrado na cidade Sainte-Agnés, perto de Rotalier, na França.