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Vilmar
Vilmar José de Castro nasceu em Caçu, uma cidade medio-pequena no Sudeste de Goiás. Seus pais, Osorio e Olivina, eram pessoas simples e pobres que viviam num pequeno sitio, à beira do rio Claro, distante 18 km de Caçu.
Vilmar era filho desta terra que tanto amou. Amou os humildes, os oprimidos, até entregar sua vida. Morava em Caçu na casa paroquial. Na paróquia Sagrado Coração de Jesus ajudava na catequese, na liturgia, coordenando as atividades pastorais. Maria Ausilia, a pequena Solange e o pe. Tino faziam comunidade com ele. Na paróquia trabalhava de graça porque não queria pesar nas fracas finanças paroquiais. Para suas necessidades, usava parte do seu salário de professor rural. Com o restante ajudava seus pais e muitas pessoas necessitadas.
Toda manhã, muito cedo caminhava até sua escolinha rural na matinha e voltava depois do almoço.
Desde os tempo do pe. Daniel McCarthy e depois com o pe Tino e Maria Ausilia, zelava em formar pequenas comunidades rurais no interior dos municípios de Caçu e Cachoeira Alta. Ajudava também nas paróquias visinhas, era muito sensível à vida dos pequenos proprietários rurais, sendo ele mesmo natural de uma dessas famílias do interior. Na cidade era ministro da Eucaristia e ajudava sempre nas celebrações. Muitas vezes, com o amigo Divino Eterno M. da Silva, presidia o culto dominical nas capelas onde não tinha missa, já que o pe. Tino celebrava em outras.
Teve uma breve experiência no seminário dos Estigmatinos em Goiânia. Voltou para Caçu. Amadurecia em seu coração uma vocação especial, talvez para a vida religiosa, talvez para o sacerdócio ou talvez como leigo compromissado nas comunidades cristãs. A convivência com ele foi muito breve para saber onde o Senhor o estava chamando.
Procurou organizar em associação as lavadeiras. Eram mulheres pobres que lavavam e passavam roupa para as famílias mais ricas, mas a gratificação era insignificante.
Ele tinha um grande amor ao homem da terra, aos pequenos agricultores, cercados pelas grandes propriedades. Procurou reorganizar o sindicato iniciado anos antes pela irmã americana Bellini. Neste momento sua vida complicou. Há pouco tempo nasceu a UDR (União Democratica Ruralista), poderosa organização dos latifundiários. Nunca esquecerei estas imagens; seu sangue derramado na terra vermelha, ficou por semanas, apesar das chuvas, como lembrança de uma vida sacrificada antes do tempo pela ganancia daqueles que se acham donos da terra.
Na vespera de seu assasinato, confraternizamos muito na casa paroquial, junto com as irmãs Patrícia e Maura. Quem iria pensar que sua vida seria ceifada no dia seguinte.
Numa celebração no interior pintou o cartaz lembrando o sague derramado dos mártires. Ele acreditou nas palavras do Senhor Jesus:
"Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá; e todo aquele que vive e crê em mim nunca morrerá."
Vilmar, você acreditou na Vida, não teve medo de doá-la a seus irmãos. Por isso você vive para sempre em todos nós, na luta dos pequenos, no perfume da tua terra, no coração de quem te ama.
Acreditaste na dignidade das lavadeiras, dos roceiros, das crianças, dos humildes; acreditaste no Cristo que como você abriu os braços para acolher todo mundo.